28 de novembro de 2009

Pesadelo em Riga



Conto:

Pesadelo em Riga

Na sombria cidade de Riga, capital da Letônia, houve um alerta para a onda de assassinatos em série, acontecidos no último semestre de 2005. Sem deixar rastros ou pistas, o assassino apavorou as mulheres por dias seguidos. A polícia não conseguiu entender de imediato a lógica do psicopata, mas investigou incessantemente cada detalhe dos fatores apontados pela perícia técnica. Foram registradas 15 mortes, duas por dia, aconteciam às sextas-feiras, sempre no sexto dia da semana.
Os casos aconteceram por dois meses seguidos. As vítimas eram nascidas em junho, o sexto mês do ano e em todos os casos, com seis facadas no coração. Junto aos corpos, propositalmente eram deixadas seis rosas vermelhas, cuidadosamente acomodas sobre o peito de cada um dos cadáveres jazidos ao chão.
A polícia sabia se tratar de um doente mental, articulado e meticuloso que precisava que ser freado rapidamente. Todas as delegacias da região foram instruídas e os investigadores trabalharam arduamente sem folga.
O fato que mais intrigava a polícia era a precisão de horários e em diferentes pontos da cidade. Ele matava uma mulher pela manhã, por volta das seis e outra ao entardecer também às seis, na mesma sexta-feira. O número seis era uma fixação para o articulado assassino.
O homicida também deixava marcas de dois pontos, duas pequenas perfurações, no lado direito dos pescoços, próximas à veia jugular. Ele sabia exatamente onde encontrar as jovens, conhecia suas rotinas, seus horários e todas elas haviam recém completado vinte e quatro anos.
A décima quinta vítima foi Cibele Vaush, uma enfermeira da Casa de Saúde. Foi justamente quando acabou seu plantão e ela se dirigiu ao estacionamento do hospital para apanhar o carro. Ao abaixar a cabeça para pegar as chaves do carro na bolsa, sentiu a mão gelada tapar-lhe a boca.
Já começava a amanhecer, ela foi pega num momento de distração e não teve tempo para se defender nem gritar.
Cibele foi encontrada caída ao chão, ao lado do seu carro. As chaves ficaram espalhadas ao seu lado. As características conferiam com os outros casos. O corpo esfaqueado, perfurações no pescoço, contabilizou-se novamente seis facadas no coração e seis rosas vermelhas sobre o peito.
A perícia foi chamada e ao apanhar as chaves do chão, perceberam algo que poderia ser uma pista do demente. Foi encontrado um botão preto, possivelmente de um sobretudo, cravado Dior. Concluíram se tratar da grife Christian Dior.
Com este detalhe, avaliaram se tratar se alguém de poder aquisitivo razoável, talvez classe média alta. Supunham serem roupas caras e não populares, portanto os lojistas deveriam disponibilizar poucas unidades.
Morgan e Kali, investigadores, estavam trabalhando neste caso. Checaram as lojas que vendiam esta grife. Eram só três na cidade e o botão era realmente de um sobretudo, do lançamento da coleção de inverno do ano anterior. Sabiam também que cada loja havia recebido apenas doze unidades de numerações variadas. Um perfil já poderia ser traçado.
As lojas possuíam cadastro de seus clientes, pois divulgavam regularmente lançamentos e promoções por mala direta.
Os investigadores partiram para a maratona de varrer a cidade atrás do assassino. Separaram alguns nomes como prováveis suspeitos. A averiguação foi iniciada e partiram para um trabalho mais apurado.
Precisavam ser cuidadosos para não dispersar o investigado.
Riga é uma cidade portuária e está ligada com Ferry-boats para Estocolmo (Suécia), Kiel e Lübeck (Norte da Alemanha) e a fuga seria imediata.
Chegaram ao nome Marlon Vix, um senhor recatado, funcionário de uma universidade. Morava sozinho e tinha poucos amigos. Desde que a mãe morrera ficou cada vez mais recluso e raramente frequentava lugares públicos, a não ser a biblioteca central. Ali, as visitas eram regulares e ele tinha acesso a tudo, a qualquer informação. Era o maior centro de pesquisas da região.
Marlon vivia em Riga e desde que fora adotado por uma família. Deles, recebeu um novo sobrenome. Muito discreto, não ostentava riqueza, mas vivia cercado de todo conforto. Possuía um ótimo carro e morava em um condomínio de bom padrão.
Devido à proximidade do mar, Riga tinha muita neblina e isto dificultava um pouco para seguir alguém. O condomínio estava localizado ao lado de um bosque e Marlon saía com seu cão, um Samoieda, regularmente depois que anoitecia.
Marlon foi adotado aos dez anos por Wilgan e Susan Vix. Viveu em um orfanato até então e passou a morar com o casal Vix, depois de sua adoção.
Depois das inúmeras avaliações dos cadáveres, passaram a procurar pelo vampiro de Riga, por causa das marcas nos pescoços das vítimas.
Morgan e Kali esperaram pela próxima sexta-feira e antes das seis da manhã, ficaram no encalço de Morgan. Não deu outra, no momento em que ele saiu de casa, seguiu uma moça e justamente quando ia se aproximar da décima sexta vítima, o prenderam. Ele estava com um sobretudo preto e faltava um botão. Desta vez ele não conseguiu saciar sua sede, argumentaram Morgan e Kali. Prenderam-no.
Marlon, foi detido e trancafiado, ficou atrás das grades sem direito a protestos. Solicitou que contatassem seu advogado. A cidade inteira respirou aliviada com esta prisão. A notícia se espalhou rapidamente em manchetes extras nos meios de comunicação. As rádios em caráter extraordinário transmitiram na mesmo instante.
Pensavam que a rotina voltaria saíram de suas salas para um café. Pensavam em qual seria o próximo trabalho.
A cidade de Riga também respirou aliviada com esta prisão. Este era um dos assuntos mais comentados ultimamente em todas as rodas sociais e a população por hora se tranqüilizou quanto a este fato.
Passava do meio-dia o Instituto de Investigação recebeu em chamado anônimo. A telefonista da central telefônica transferiu a ligação para Morgan e disse: encontraram um corpo de mulher próximo ao porto. Morgan e Kali saíram imediatamente, nem terminaram o café que estavam tomando.
Ao chegar ao local, viram o corpo de uma jovem esfaqueada. Seis facadas no coração, uma mordida no pescoço e um ramalhete com seis rosas vermelhas. Entreolharam-se. Não é possível, disseram.
Chamaram a perícia e levaram o corpo ao necrotério e o legista começou o trabalho para precisar o horário da morte. Para surpresa geral, aquela morte ocorreu por volta das seis da manhã. De modo que sabiam que teriam que recomeçar todo o processo de investigação. Tinham cometido uma falha, prenderam um inocente.
Descobriram depois, que Marlon Vix era também um investigador independente e estava neste caso porque uma das vítimas era enteada de um amigo da família. Só que não lhe deram a oportunidade de falar. No dia de sua prisão, o assassino percebeu a movimentação de ambos e recuou.
Morgan e Kali haviam prendido o homem errado. O assassino continuava solto. Poderia agir a qualquer momento. O alerta máximo foi acionado de novo.
Por onde começariam desta vez? Não tinham nem ideia.

Rosi Caobianco
Novembro/2009

3 comentários:

  1. Adorei a dose de suspense. Vc escreve muito bem, parabéns... bjs.

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  2. Oi Rosi,

    Aqui é o "Brontops", do curso da Terracota.

    Só passei rapidinho pra deixar o link do meu blog (http://brontops.blogspot.com/) e o do Projeto Portal (http://projeto-portal.blogspot.com/), uma antologia de contos de Ficção Científica da qual estou participando.

    Depois a gente se fala.

    Bjk

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